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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

trevas
atrevem
-se
luz

travam
trêmulas

sob lustres
de versos

meus
desenredos
sob entre
teus firmes
dedos

eu


insisto tanto no instante que me extingo
navios com asas
partidas

uma palavra náufraga
retorna ao porto
encharcada

aos poucos

lanço-me ao nada

estou para mares
ventos e vales
cada vez mais densos

recuo
estou para mim
cada vez mais dentro

terça-feira, 23 de outubro de 2012

exausta existo
enquanto
entregue assisto

o autocídio

no qual

me
insisto

amarga goma
mascando a boca
som sem sabor

descasos do agora
a gana de outrora
se desmoronou

cansaço amarelo
sob sol sem sombra
semi-invisível

teu elo se rompa

às 3h pré-aurora
desvios agora
vc se tornou

tão esquecimento
largado no nada
sob 20 palmos

de mãos acenadas
vc se enterrou

sábado, 20 de outubro de 2012

uma viagem de ida
qualquer dia,
compro um visto perpétuo

sobre o assento vago
meu espaço desocupado
deixo

alguns papéis triturados
o tom claro da voz
deito

um fazer sem reticência
também levarei 
comigo

preciso um navio
ouvidos sem vozes que soem
sempre que o coração se tocar

depois de alguma ocorrência
descobri que de lágrima
em lágrima
a vida se inunda

e é preciso partir
qualquer dia desses
eu juro por mim

ñ volto mais

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

perdi a mão para essa palavra curta de poeta, enxuta contra pedra e batida, batida, batida. perdi a mão que, volta e meia, esfarela-se, amarela, sempre que volto a estendê-la pronta a apanhar qualquer cinzel de sílaba. este amor de som amputou-me mãos e braços e razões inteiras. este amor de som aniquilou-me ante usurpadores de sentidos. morro de amor por tal palavra, já não a toco sem definhar-me inteira. sobrei-me fina areia sobre a terra amarronzada escura e já não sei amar senão às sílabas que salgam o mundo. perdi a mão e já não há sentido que me faça abrir a voz.
lençol de seda
onda sobre
sobras postas

por trás de palavras
sintaticamente cuidadas

a bela aparência
de cinzas e nadas

terça-feira, 9 de outubro de 2012

eu  só lhe peço
uma xícara
de café

pras enchentes
diárias
de meu
desacordamento


recentemente
decidi

ñ sucumbir
de todo

deixar às partes
o tudo
que lhes cabe

e vagar
reproduzindo
o falso efeito
de liberdade

enquanto minto

recentemente
descobri
o quanto
de existir

eu me ressinto

terça-feira, 2 de outubro de 2012

metalinguagem

anseio seda
avanço sede

líquidas linhas
cedo escorrem-me
entre dedos

em teu corpo
úmido in
fluente

caligrafo-me
ante rasgos
sonoros
de voz

de decassílabos
precoces
eu, sibilante

liberto-nos
útil para o desuso
eu

ñ conservo o pote vazio
bonito
do iogurte recém consumido

eu me recuso a reutilizar

ñ reciclo o lixo
eu me reduzo 
a cultivar sicômoros

eu ñ aguardo
eu me recluso
em meio a versos livres

sem socialidades
dialogo com o escuro sujo
do mundo
perecível sem conservantes

inaproveitável para a próxima 
e mais perene
geração futura
com a qual ñ contribuo

pq me salvo
como rascunho

casa

enfrenta, afronta
atrasa

em seu arrastar
a traça

na parede branca

frente à porta
da imaculada
sala de estar

ultraja

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

xto

eu nunca usei
ousar a fé
a outro céu
q ñ o teu

antes de jovem
adoeci
silenciei

ainda q meu
longínquo
passo
desgovernado
avance cego
em falso

tu lembrarás
o qto infante
eu me guardei
pra ti
de mar

perdi a voz
em meio
um
sonolento
e semi
estranho
mal estar

caindo sobre
em si
perdi

em meio
esse petróleo
circular opaco

em vez de som
ora em quando
arroto entalos
e enganos

descortinando
a falta
mais absurda

pálpebra negra
seda  apagada
e muda

apareci
tão parca
e pesada

parto q o mundo
mal suporta

de meia em meia hora
meu suspiro
aborrecido

me auto aborta